
Não é necessário ser um grande observador para notar a influência do preparo psicológico nos resultados de quaisquer atividades que exijam rápidas tomadas de decisão sob pressão, a exemplo dos esportes, da política e, obviamente, do combate.
Há algumas décadas Jeff Cooper idealizou a chamada “Tríade do Combate“, na qual ele elencava os três pilares do combate:
Cooper elencou com igual importância as habilidades de tiro, as técnicas de manuseio da arma propriamente ditas e o preparo psicológico.
É evidente, portanto, que não se pode subestimar a necessidade do treinamento psicológico para uma situação extrema.
Helmuth von Moltke, Marechal prussiano do século XIX, afirmou:
“Nenhum plano de batalha sobrevive ao contato com o inimigo.”
O que o notório comandante queria dizer, é que as adversidades inerentes ao combate real são imprevisíveis e exigem do combatente a capacidade de rápida adaptação .
Isso não significa que não se deva fazer planos. O planejamento é um dos pontos principais do preparo psicológico. Quanto mais variáveis você consegue prever, mais fácil fica o seu combate.
O planejamento não é restrito a escala militar. O planejamento de defesa pessoal evita que decisões sejam tomadas sob alto nível de estresse.
Experimente responder a estas perguntas:
- Você reagiria a um assalto?
- Você reagiria a uma tentativa de homicídio?
- Você reagiria a uma tentativa de sequestro?
- Se você estivesse em um ambiente público, e um desconhecido estivesse sendo injustamente atacado, o que você faria?
- Dentro do seu carro, alguém coloca uma arma na cabeça do seu passageiro (mãe, filho, esposa). Qual vai ser a sua reação?
- Você está dormindo e ouve um barulho na cozinha da sua casa. Você vai de encontro ao som ou espera em um local protegido?
- Em um sequestro, se o criminoso pedir que você vá até o exterior do cativeiro e, caso não volte, os demais sequestrados serão mortos. Você volta ou foge?
- Você está com a arma na mão, apontada para um sujeito que ameaça sacar um revólver. Onde você efetua o disparo?
- Alguém aponta uma arma para você na frente da sua casa e manda você entrar junto com ele. Você entra ou reage?
- Em um combate armado, você é acertado e está sangrando. Você continua o combate ou foge para cuidar do ferimento?
Não são respostas fáceis, são?

Se você se encontrasse inadvertidamente com o pet acima, automaticamente seu corpo o prepararia, mediante uma rápida estimulação do sistema nervoso simpático, para o combate ou para a fuga. Isso significa que sua frequência cardíaca estaria aumentada, você estaria pálido, seu sistema digestório estaria momentaneamente trabalhando mais devagar, haveria a constrição de vasos em várias partes do seu corpo, que disponibilizaria glicogênio aos montes, para te dar energia para a ação. Suas glândulas lacrimais param de funcionar, assim como as salivares; sua pupila dilata. Há a chamada exclusão de auditório, a perda da capacidade de ouvir e também a visão de túnel, a perda da visão periférica. Você ainda pode tremer e enrijecer, involuntariamente seus músculos. Você está preparado?
Existe também uma terceira opção, além das já citadas luta ou fuga: o congelamento, a pior delas. No congelamento o nível de estresse é tão alto, e o despreparo tão absoluto que a “vítima” não consegue esboçar qualquer reação, tornando-se praticamente imóvel.
Não há método milagroso ou definitivo para a preparação psicológica para o combate, mas é verdade que não se aprender a nadar sem pular na água.
O treinamento deve ser planejado para exigir o máximo não apenas técnica ou taticamente, mas também na reação sob estresse. E as formas de provocar o estresse em uma sessão de treinamento são infinitas, basta a criatividade do treinador:
- Frio extremo
- Calor extremo
- Exercício físico extenuante
- Desidratação
- Privação de sono
- Privação de alimentos
- Dor em suas muitas variáveis
- Confusão sonora e visual
- Resultado contra o tempo
- etc.
Uma coisa é você passar por uma pista de tiro enquanto toma refrigerante geladinho antes e depois da ação. Outra coisa bem distinta é fazer isso a 40°C, depois de correr 30 min e imediatamente após fazer 50 flexões de braço com o instrutor gritando na sua orelha.
Além disso, a antecipação de situações prováveis mediante planejamento é uma condição indispensável. Pense antes que a situação aconteça. Previna-se. Crie estratégias, mapas mentais. A que tipo de ameaças você está mais propenso? O que você efetivamente fará se ela se concretizar?
Se você se vir em uma luta justa, significa que sua tática está muito errada.
Hahah otimo recado no final!! Abs Lucas!!
Aguardo ansiosamente o restante do artigo.
Excelente abordagem Lucas, um resumo de várias coisas que podem ocorrer, com certeza o treinamento com a ferramenta de defesa (seja arma de fogo ou não) e o profundo conhecimento de seu funcionamento e treino em condições adversas nos dão uma enorme vantagem, em minha humilde opinião aumentam a alto confiança. Algo que foi implicitamente mencionado também é o preparo e resistência física para suportar a fadiga de um confronto.
Algo incomum que eu vejo em suas perguntas e para todas a resposta é depende, porém acredito que se proteger e se preservar a(s) vida(s) para atacar seja uma sequência de ações condizente com a realidade que deva ser exercitada e adaptada para diversos contextos.
Já vimos situações diversas, como o famoso “amarelar”…incontinência(principalmente quando temos alguém esperando a nossa volta pra casa), a visão em túnel/surdez/câmera lenta e o treino minimiza sim.
Enfim cada caso é um caso, mas tenho 3 máximas que diariamente mentalizo:
1- Morrer não faz parte do plano
2 – Antes julgado por 7 do que carregado por 6
3 – Eu não sou o super homem
O preparo psicológico para o combate – Introdução.
Texto realmente muito bom, aguardo a continuação e convido sempre meus amigos a paticiparem também dessa luta. Uma sociedade desarmada é uma sociedade sem defesa.
Um soldado deve sempre esta preparado.
Tenha uma boa faca, uma arma curta e outra longa, pederneira, folego e vontade de vencer.
Uma breve introdução mas esta ótimo para começar, espero o restante.
É muito fácil render um cidadão desarmado, apontar-lhe uma arma na cabeça, deixar o recado que ele, o bandido, pode tudo e você nada. Ai o vagabundo fica viciado, é mole demais, né?
Ai, você vai à polícia, o investigador cheio de má vontade olha com desdém para você – tipo porquê você não faz como os outros, foi roubado, fica quieto e vai pra casa.
E está tudo pago pelos nossos impostos.
Prepare-se, para no encontro com o bandido, se ele pensa que está contudo, pelo menos você não está com nada, como sempre acontece. Uma tutela de segurança dessa, ninguém sente falta, embora sempre pague. Hora da autodefesa e cidadania plena, sem tutela de um Estado decrepito !
Compartilho da mesma visão que a sua, Sr. Marco.
Ja passei por esse treinamento na PE e Booth Camp e treinamento de armas de fogo do FBI nos States com diploma do Curso Basico. Nao e nada facil e reflete nas nossas vidas, sem duvida.
Muito bom.
Aprende muito sobre a tematica. Obrigado
Não entendi essa parte; se você se vir em uma luta justa, significa que sua tática está muito errada.
Eu acredito que o conceito de justiça na luta, diz respeito ao que está na nossa cabeça e valores no ato do combate, e não o que pensa e faz o oponente.
justiça na luta significa equilíbrio, logo não existe vantagem. Vitória na luta significa vantagem, logo vitória.Assim eu acredito na minha vasta ignorância.
Vantagem na luta, significa conhecimento,entendimento pleno e antecipado do oponente. Planejamento e treinamento para estar sempre um passo adiante são indispensáveis na conquista do êxito.